O que te conecta a um projeto, a uma pessoa, a uma atitude?
Em meio a um turbilhão de mudanças internas e externas, fazemos novas conexões o tempo todo, sem muitas vezes saber o porquê. Ok, me conectei a um projeto de valor. Mas são tantos, muitas vezes versando sobre a mesmo propósito. Porque apenas um me conecta. E quando a conexão é com pessoas e atitudes, não procuramos entender, ou avaliar o que ela agrega, apenas seguimos o fluxo.
Aliás, melhor nem pensar sobre o assunto. Apenas acelera! Então, o que te conecta de fato, nesta era de conexões voláteis e transformações intensas e tão aceleradas? Pergunta difícil, complexa e que nos empurra para usar velhos e mofados chavões. Quem sabe, invertemos a pergunta. O que te desconecta? Porque, tão importante quanto saber o que nos conecta é identificarmos o que e o porquê nos desconectamos.
Desconectar mesmo exige coragem, meu caro. E autoconhecimento. E acima de
tudo, generosidade consigo mesmo. Simplesmente porque algumas conexões nos aprisionam na nossa atual versão. Que já não nos satisfaz. Tema difícil.
Amedrontados, com medo de mergulhar no que apaixonadamente sonhamos, reforçamos conexões a projetos, pessoas e atitudes que já não fazem mais sentido. Porque uma desconexão necessária pode significar nos sentirmos menos como somos, ficando mais parecidos com quem deveríamos nos tornar. Pois não existe uma versão final de nós mesmos, somos dinâmicos.
Mas então, o medo da mudança vira pânico e erguemos as paredes do nosso castelo, nos protegendo com armaduras e lanças em punho. E reforçamos aquela conexão que deveria ser rompida. Melhor manter assim, conectados com o conhecido com o qual já sabemos lidar. Mais seguro.
Muitas vezes, precisamos nos desconectar para conseguirmos finalmente virar a chave. Porque o que já foi bom, pode se tornar tóxico em contato com o que queremos ou estamos nos tornando. E, principalmente, porque conexões com pessoas tóxicas nos fazem erroneamente crer que cabe a nós cura-las quando, na verdade, o objetivo deveria ser curar a nossa parte que tem conexão com a toxicidade delas.
Foco em si próprio para conexões de valor. Mas como manter este foco quando
somos diariamente inundados com uma dose cavalar de adrenalina? Que nos
inebria e nos confunde e muitas vezes paralisa. E também nos dá a sensação de
uma obsolescência já programada a cada ação. Fica um vazio com gosto de res
saca, sabe?
Mas o fato é que o novo hoje já envelhece enquanto o estamos realizando, a velocidade
de novas conexões é cada vez maior. Mas nessa overdose de adrenalina que nos vicia, as conexões são simplesmente empilhadas, “arquivadas”, na biblioteca
dos obsoletos que já foram realizados. Volumosas, com forte impacto visual. Conexões exauridas, mas mantidas, ocupando um precioso espaço. Que de
veria ser ocupado por conexões reais, daquelas que mesmo efêmeras, te dão
aquela sensação de pertencimento, esse sentimento tão arrebatador e construtor.
Peças perfeitamente conectadas e indelevelmente nutridas. Que alavancam,
pois conectam com o nosso essencial. Porque não nos conectamos apenas ao
que conscientemente sabemos que nos completa. Nos conectamos também ao
que inexplicavelmente e, por que não, inconscientemente nos atrai e nos pre
enche.
Reforce as conexões com quem te faz perguntas e não te dá respostas definitivas. Porque respostas definitivas te domesticam, te limitam, te apequenam à uma realidade estereotipada. E as conexões devem ser dinâmicas, devem conectar à liberdade, não à prisão. Porque não são correntes, certo? São conexões mesmo que fugazes. Respira fundo e tenha coragem para romper conexões e fazer novas. Sejamos verdadeiros e generosos conosco. Conexões devem existir quando elas nos nutrem, quando há uma corrente positiva. Apenas quando elas fizerem sentido. Nunca por zona de conforto ou por medo do novo.